Marcio Valle é nosso artista mais experiente, nosso grande mestre. Já são mais de 10 anos trabalhando exclusivamente com tatuagem, experimentando os mais diversos estilos até chegar à sua marca artística pessoal.
Carioca como nós, o Marcio também chegou a Portugal em 2018, mas nossos caminhos só se cruzaram em 2019, quando nos conhecemos na convenção de tatuagem Oporto Tattoo. E ele era a peça que faltava para o nosso time, nossa indicação para trabalhos grandes ou com toques de realismo, além de ser nosso especialista para reformas e coberturas de tatuagem.
Vem conhecer melhor o Marcio Valle nessa conversa.
Tatuador: Marcio Valle
Como a arte entrou na sua vida?
Desde pequeno sempre desenhei, meus pais sempre me incentivaram. Eu tinha aula de artes no colégio e até cheguei a fazer aula de pintura quando era pequeno. Esses incentivos em casa me fizeram nunca abandonar a paixão pelo desenho.
Quando e como surgiu a curiosidade pela arte da tatuagem?
Enquanto cursava o primeiro período de arquitetura, um amigo me pediu para fazer o desenho da tatuagem dele. Quando ele foi tatuar, eu fui junto e conheci o Luiz Cláudio, o tatuador, que depois veio a ser meu professor. Fiz uma tatuagem com ele, indiquei amigos, e no meio de uma conversa, veio a ideia de eu aprender a tatuar. E nisso, decidi também mudar o curso da faculdade para desenho industrial.
Quando você começou, foi fácil decidir ser tatuador? Houve preconceito?
Quando comecei estava na faculdade, então meu foco era terminar a faculdade, mas em paralelo estava aprendendo a tatuar. Foi uma escolha meio natural, terminei a faculdade e segui com a tatuagem. Nunca senti preconceito não, na verdade tenho muito a agradecer a meus amigos e família por sempre me apoiarem.
Anos de tatuagem na mala
Você percebeu alguma mudança no mundo da tatuagem ao longo desses anos?
Acho que a tatuagem está evoluindo, ficando mais exclusiva e mais artística. As pessoas estão tendo mais acesso a boas referências, o que eleva o nível da tatuagem no geral. E os materiais também estão se modernizando, tudo indo de acordo com a evolução. Agora os tatudores já estão sendo mais vistos como artistas, e cada vez são mais bem sucedidos.
Por que você decidiu trazer sua arte para Portugal? Como foi essa mudança para você?
Eu estava há 9 anos trabalhando no mesmo estúdio em Niterói, no Rio de Janeiro, e queria mudar um pouco. Nessa época, rolou a ideia de vir abrir um estúdio em Portugal. Quando cheguei, em 2018, essa ideia acabou não indo para frente, foi meio complicado. Mas no fim conheci o pessoal do Zero21 Porto, e sigo com eles até hoje.
Tatuar em Portugal é diferente do Brasil?
Aqui em Portugal eu tenho a oportunidade de tatuar pessoas de vários países, isso é muito legal. Quanto à tatuagem em si, não muda muito, mas no Brasil as pessoas se tatuam mais e com mais frequência, isso acaba gerando ideias diferentes e trabalhos maiores.
Tatuagens exclusivas em todos os estilos
Como é o seu processo de criação de desenhos exclusivos para tatuar?
Primeiro penso na ideia, pode ser de um cliente ou algo que eu queira fazer como um flash. Aí penso no local que a tattoo vai ser feita para ver as variações de forma que encaixem melhor com a parte do corpo, para que a tatuagem fique melhor no corpo. Depois começo a buscar referências para o desenho, tento sempre evitar referências de outras tatuagens, normalmente prefiro fotos, ilustrações ou obras de arte. Tendo as referências escolhidas, faço um esboço, se gostar e/ou o cliente aprovar, eu sigo e finalizo a arte já pensando na técnica e na forma que vou fazer a tatuagem.
Quais os estilos de tatuagem você faz? Tem algum que trabalhe com mais frequência?
Eu me considero um tatuador bem completo, mas tem coisas que não me sinto confortável de fazer, como retratos e tatuagens realistas coloridas. Exceto isso, faço um pouco de tudo. Cada vez gosto mais do estilo old school (com traços mais grossos), mas minha linha de trabalho é mais nos estilos preto e cinza e blackwork, um pouco de realismo, geométrico, fineline…
Tem algum tema preferido para desenhar ou tatuar?
Eu não tenho um tema específico, mas gosto de misturar estilos para criar tatuagens diferentes.
O desafio de transformar uma tatuagem
Depois de tantos anos de experiência com tatuagem, agora você também trabalha com reformas e coberturas de tatuagens antigas. Como é esse desafio para você?
Reformas e coberturas são sempre um desafio. Trazer o brilho de volta a uma tatuagem antiga, ou cobrir uma tatuagem que o cliente já não quer mais, exige sempre muito estudo prévio, e bastante calma durante o processo.
Como é o processo de transformação de uma tatuagem antiga?
Normalmente tento aproveitar ao máximo a tatuagem antiga, tanto na hora de reformar quanto na cobertura. A cobertura exige mais estudo em cima do desenho novo, tentando aproveitar ao máximo as linhas do desenho que está embaixo para reduzir o tamanho da tatuagem nova e realmente esconder da melhor forma possível a que está por baixo. Infelizmente não é sempre que é possível fazer uma cobertura. Às vezes temos que indicar que o cliente faça algumas sessões de laser para poder clarear a tatuagem antes de fazer a cobertura.
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